O incansável e o 'assediado': Juninho e Luis Felipe dominam as laterais

Está dominado. Às 16h20 deste sábado, contra o Paysandu, no Pacaembu, os ofensivos Luis Felipe e Juninho jogam novamente como donos absolutos das laterais do Palmeiras na Série B do Campeonato Brasileiro.

Titular nas 15 partidas da campanha do líder Verdão, o canhoto Juninho atuou em todos 1350 minutos cronometrados até agora. Já seu parceiro de posição ganhou oportunidade de Gilson Kleina depois da Copa das Confederações e, nos nove jogos desde então, só não esteve em campo em quatro minutos dos 810 contabilizados neste período – foi substituído no fim da vitória por 2 a 1 sobre o Bragantino, no Pacaembu, no último dia 2 de agosto.

– Vivo o meu melhor momento na carreira, principalmente aqui no Palmeiras. Estou no meu melhor momento para marcar, chegar à frente e cruzar. Me vejo mais forte agora. Às vezes faltava um pouco de personalidade. Hoje acho que tenho isso e está sendo essencial para eu me manter do jeito que eu estou – declarou Luis Felipe em entrevista.

Na última exibição em casa, no último sábado, a dupla foi muito elogiada por Kleina. A exaltação aconteceu porque os dois conseguiram avançar ao mesmo tempo e estavam dentro da área no gol de Juninho no triunfo (2 a 1) de virada sobre o Paraná – Luis Felipe havia finalizado a bola, que sobrou no rebote.

– A chance de atacarmos juntos varia muito do adversário que nós vamos enfrentar. Neste último jogo, contra o Joinville, tinha um atacante que estava mais aberto do lado do Luis, e o Kleina também pediu para descer mais pelo meu lado. Vai ter jogo que eu vou segurar mais atrás, e o Luis vai ter mais liberdade e vice-versa. Se nós tivermos a leitura durante o jogo que podemos atacar os dois ao mesmo tempo, nós podemos fazer isso – disse Juninho.

Embora estejam embalados, os laterais têm trajetórias distintas no clube. Enquanto Juninho já viveu a glória da Copa do Brasil e o pesadelo do rebaixamento, Luis Felipe só reconheceu há duas semanas a dimensão que tem as suas atuações pelo Palmeiras.

– Eu estava na rua de casa, conversando com minha irmã. Aí veio um torcedor correndo na minha direção e falando o meu nome. Eu fiquei até com medo na hora. Aí ele falou “Aqui é Palmeiras!” e pediu para tirar uma foto. Eu fiquei aliviado depois do susto (risos) e caí na real que a minha história está mudando – contou o camisa 42.

Confira entrevista exclusiva com Luis Felipe:

O que você fez para virar titular?

LUIS FELIPE: A experiência fez a diferença. Saí do Palmeiras com o intuito de conseguir uma experiência, atingi isso nos outros clubes, jogando até Série B. Então eu já conheço bem o campeonato, já disputei duas vezes (Bragantino em 2011, e Boa em 2012). Também sei que a qualidade dos times é totalmente diferente da Série A. E essa experiência foi muito boa para eu usá-la no Palmeiras.

Qual são seus próximos passos?
A Série B é só um começo. Se eu me firmar agora, consigo jogar no ano que vem na Série A, no centenário. Esse é o meu pensamento.

Qual é o pensamento para o centenário do Palmeiras?

LF: Se mantiver meu foco, tenho tudo para fazer uma excelente Série B e continuar no ano vem no centenário. Todo jogador que vem da base sonha em fazer história como Marcos e Djalma (Santos) fizeram.

Você pesquisa sobre os ídolos?

LF: Djalma já era um ídolo antes, mas nunca havia pesquisado jogos e lances dele. Depois do falecimento que infelizmente aconteceu, comecei a pesquisar o que ele fazia pelo Palmeiras e foi um grande lateral. O clube tem de agradecer mesmo por tudo o que ele fez.

Do que você mais gostou?

LF: O mais comentado que gostei foi a força que ele tinha de cobrar lateral, que ele conseguia uma boa jogada de linha de fundo ou lance de gol direto da lateral.

Como é se transformar em pessoa conhecida da noite para o dia?

LF: Sempre sonhei com a possibilidade de eu sair e ser reconhecido nas ruas, ainda mais com os elogios que eu tenho recebido. Também recebo muitas ligações de amigos.

Confira entrevista exclusiva com Juninho:

Por que os laterais estão bem?

JUNINHO: O grupo inteiro está bem, essa é a verdade. Estamos trabalhando forte. O Luis teve a oportunidade e está aproveitando muito bem, fico feliz por ele. A equipe vem jogando bem, e nós, laterais, estamos fazendo o nosso trabalho.

É seu melhor momento desde que chegou ao Palmeiras, em 2012?

J: Tive uma sequência no começo muito boa e acho que foi o melhor momento que tive no Palmeiras. Hoje estou trabalhando para tentar voltar a fazer o que eu alcancei quando eu cheguei aqui. Fico feliz de estar voltando a jogar bem. Aprendi muito no passado e tento esquecer as coisas ruins. Aprendi e estou dando a volta por cima, conseguindo a jogar bem.

Você jogou em todos os jogos da Série B até agora. Dá para seguir no time até o fim do campeonato?

J: Sei que uma hora vêm o desgaste e o cansaço. Sempre tive o histórico de ser um jogador regular, de não me machucar. Então espero poder continuar jogando. Se forem todos os jogos da Série B e mais a Copa do Brasil, quero jogar. Eu me cuido para fazer o melhor e jogar sempre.

Wesley vive boa fase e joga perto de você. Isso o ajuda?

J: O toque de bola é uma das minhas características. Gosto de tocar e passar. Então Wesley tem muito disso. Ele já jogou fora do Brasil, e no exterior o jogador é muito exigido taticamente. Então isso facilita muito o meu trabalho.

Como não acomodar sem ter um reserva imediato na sua posição?

J: Eu sempre tive os pés no chão e tenho objetivos na minha vida. Para eu alcançá-los tenho de estar trabalhando e jogando, independentemente se tem sombra ou não.